Precisamos falar de relações afetivas
Eu escrevi alguns começos para
esse texto, tanto mentalmente quanto agora, na frente do teclado, e o engraçado
é que eu não consigo transcrever em palavras o que tem na minha cabeça sobre
esse tema; talvez porque esse tema esteja tão impregnado no meu cotidiano
ainda.
Sempre dei um jeito de estar perto
da minha família e amigos, porém, desde que tive a primeira crise, algumas
coisas transformaram isso.
Com a minha sanidade mental,
também foram embora os “amigos”, e eu não estou falando de cinco ou seis amigos,
eu estou falando de 98% dos meus “amigos” e, quando eu falo em “amigos”, falo
em pessoas que eu realmente acreditei que tivesse uma relação sincera de
amizade, pessoas que eu convivia, pessoas que eu achava que estariam comigo
quando eu precisasse.
No início, isso não fez muita
diferença, pois meu cérebro estava concentrado em sobreviver, mas, depois de
alguns meses, eu percebi que não existia essa relação de amizade e que aquele clichê
“amigos para festa tem vários, mas para
ajudar dá para contar em uma mão” pela primeira vez fez sentido na minha
vida.
Eu cheguei a formular desculpas
na minha mente do porquê as pessoas terem simplesmente sumido e cheguei a
conclusão de que não tem desculpas para isso. O problema é que, nessa situação,
eu estava me sentindo inútil, uma pessoa diferente das outras, deslocada da
sociedade, reclusa em uma casa/hospital/clinica. E com a sensação de que tinha alguma doença
altamente contagiosa, pois as pessoas se afastaram.
Infelizmente, com alguns
familiares não foi diferente. Também dá para contar na mão as pessoas da minha
família que estavam efetivamente preocupadas e dispostas a fazer alguma coisa para
ajudar.
Outro aspecto nada agradável
que envolve a família, foi/é a ignorância de algumas pessoas que acreditam que
tudo o que eu tenho é frescura, que é uma crise que logo passa, que tenho que
me esforçar pra sair de casa, que sou muito nova pra estar com esses problemas,
que eu tenho que ocupar minha cabeça pra ficar bem, que a psiquiatra está me passando muito medicamento, que devo
parar com os medicamento e esperar algo divino acontecer... (tenho que fazer
uma postagem só sobre esses comentários rsrs)
Porém tive alguns amigos que,
desde o início, me mandavam mensagens, me ligavam e não desistiram de tentar me
ajudar de alguma maneira. Fiz algumas novas amizades e aí eu percebi que não
estava como uma doença contagiosa (rsrs)
Conheci pessoas que estão
passando por problemas parecidos e o diálogo com elas é muito sincero e me
ajuda a ver outras perspectivas.
E minha família (e agora falo
de um núcleo que não abrange muitas pessoas), ficou muito unida, mas muito
unida mesmo. Aprendemos tanto uns com os outros, e sem dúvida vamos sair dessa
fase pessoas bem diferentes.
--- Se você conhece alguém que
está passando por isso, por favor, fica do lado dessa pessoa, insista, mostre
que ela é importante, mande uma mensagem perguntando se está tudo bem, diga que
ela faz falta, pergunte se ela precisa de alguma coisa... Vocês não fazem ideia
de como isso pode fazer diferença na vida dessa pessoa e de como pode melhorar
o processo de recuperação. ---
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