Precisamos falar de Bipolaridade




O nome bipolar não era um nome que me causava estranheza, pois quando era adolescente usava esse termo para me dirigir a minha irmã que cada momento do dia estava com um humor diferente. Por ironia do destino quem recebeu o diagnóstico de bipolaridade fui eu.
Porém mesmo sem saber bem o que era bipolaridade na minha adolescência eu já tinha noção da ideia principal deste transtorno que é alteração do humor.
Desde que comecei o acompanhamento com a psiquiatra, em meio a tantos distúrbios, o diagnóstico de bipolaridade sempre esteve presente.
A bipolaridade atinge em média 2 milhões de pessoas por ano no Brasil e, de maneira mais bruta, significa um distúrbio associado a alterações de humor que vai da depressão à episódios de obsessão.
Porém, na prática a bipolaridade não é tão simples como uma alteração de humor. Essa alteração de humor acontece de uma forma que interfere efetivamente na vida de pessoas que tem o contato com o transtorno diretamente e indiretamente.
As alterações de humor ocorrem de maneira violenta, tendo como base a fase depressiva e a fase maníaca.

No meu caso tive/tenho a bipolaridade 1, no início ficou evidente a fase de mania que basicamente consistia em uma euforia muito grande. Eu ia dormir por volta da meia noite e acordava as 5 da manhã e já começava a fazer faxina na casa e em menos de 2 horas já tinha feito a faxina e acordava alguém para caminhar (na verdade era quase uma corrida) e eu falava sem parar, tinha milhares de ideias tentava resolver a vida de todo mundo e não conseguia ficar sentada por mais de 10 minutos. Hoje chega a ser engraçado lembrar desses episodios, mas na época a minha família estava quase surtando também (rsrs)

Na sequência tive a fase depressiva que se trata de uma queda do humor. Comecei a ficar na cama o dia inteiro, dormia em média de 10 a 12 horas por dia e não tinha vontade de fazer absolutamente nada. Quase não comia e nem conversava com as pessoas, eu chorava todos os dias e chorava muito. Não havia nenhum motivo especifico, junto com o choro veio a automutilação, que é um dos sintomas da bipolaridade. Outra característica da bipolaridade são os pensamentos intrusos, pensamento que não conseguimos controlar. No meu caso não conseguia controlar a ação que esses pensamentos me levavam.  

O tratamento, no meu caso, envolve uma combinação entre remédios, terapia, atividade física e acompanhamento psiquiátrico, que costuma ser necessário para a vida toda.
Quando veio o diagnóstico de bipolaridade eu fiquei bem preocupada e me sentindo um E.T., então a minha psiquiatra conversou muito comigo e tirou todas as minhas dúvidas e ela me deu uma lista de pessoas que viveram ou vivem com a bipolaridade. Além disso pesquisei muita coisa sobre o transtorno e perguntei para minha psicóloga e outros psicólogos que eu conheço. E percebi que eu não era um E.T mas uma pessoa que tinha/tem dificuldades para controlar essa oscilação de humor, emoção, decisão e por ai vai...

Segundo A Clínica de Temperamento e Humor esses são alguns personagens com transtorno bipolar:
Artes
Paul Gauguin e Vincent van Gogh, revelados inclusive pela intensidade das cores de seus quadros.
Ciência e filosofia
Platão e Isaac Newton.
Cinema
Robin Williams, Jim Carrey, Marilyn Monroe e Elizabeth Taylor.
Literatura
Agatha Christie, Virginia Woolf, Ernest Hemingway, Edgar Allan Poe, Graham Greene, Hans Christian Andersen.
Na poesia, Fernando Pessoa, T. S. Eliot, Walt Whitman.
Música
No Rock, Cazuza, Axl Rose (vocalista do Guns n' Roses), Kurt Cobain (ex-vocalista do Nirvana), Elvis Presley, Janis Joplin e Jimmy Hendrix.
No jazz, o pianista Thelonius Monk.
Na música erudita, Tchaikosvky, Mozart e Maria Callas.

Esses  links contem bastante informação sobre a bipolaridade que não consegui abordar no texto, como os principais sintomas, tratamento entre outras coisas:

Comentários

  1. Parabéns pelo conteúdo e pela clareza que você abordou o tema !!! Fico orgulhosa em ver como você transformou essa fase complicada e delicada de sua vida e escolheu dividir conosco de modo em que todos possam ler e de fato entender que saúde mental é algo muito sério.

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